Leecher brasileiro, não palpite!

Caríssimos senhores leechers desse país, hoje resolvi fazer um post diferente, sobre o que vocês deve e não devem fazer. O post será dividido em diversas etapas, sendo cada uma sendo composta de algumas etapas do processo de fansubbing. Bom, para começar, só clicar no “Leia mais”

Primeiramente, vou informar como resolvi dividir o processo de fansubbing:

1. Tradução e Edição

2. Revisão

3. Timming

4. Typesetting & Styling

5. Karaoke

6. Translation Check

7. Encode

8. Quality Check

Todas as etapas estão com o nome em inglês porque são de senso comum dos subbers no Brasil.

Começando com:

1. Tradução e Edição – Essa É a parte mais importante de qualquer fansub. Coincidentemente é uma parte que diversas pessoas decidem opinar sem ter o mínimo de noção do assunto. No Brasil, para quem ainda não sabe 90% (Pelo número de Subs da Anime Blade dá para se dizer 99,75%) dos subs no Brasil usa apenas a tradução em inglês do anime (seja ela a oficial ou de outro fansub). Ou seja, na maioria, fansubbers são narutards otakus como você, que tiveram 2 semestres de aulas de inglês numa escola meia boca. A outra parte é composta por fansubs que utilizam o chamado “Translation Check” (aka “Revisão de Japonês”) e outros que utilizam tradutores que sabem japonês. O que é mais importante numa tradução, um tradutor não pode fazer coisas como traduzir 500 mil como se fosse 50, e deve entender de expressões da lingua que traduz. Isso é extremamente importante para tradutores de inglês, já que existem expressões que nem se encontram em dicionários (e que tendem a aparecer em músicas em japonês lol). Outra coisa importante a citar, se você não sabe japonês, e só olhou o episódio de um fansub, você não pode dizer que a tradução está ruim ou errada. Você tem duas escolhas, ou aprende japonês, ou tenta comparar com um fansub estrangeiro. Outra coisa que também acontece com tradução é que nem sempre uma tradução do japonês é melhor que um tradução do inglês (mas geralmente uma tradução do japonês meia boca é muito melhor que uma tradução do inglês meia boca). Para traduções do japonês é muito interessante o uso de Closed Captions, que fornecem um texto oficial sobre o anime, que garante uma maior fidelidade na tradução. Fora isso, o mínimo para ser um tradutor de japonês é saber ler japonês, porque anime não é só falado, e ele deve ser capaz de traduzir o que está escrito.

Agora mudando um pouco de assunto, outra coisa importantíssima é a edição do texto, que acredito que geralmente seja feita pelo tradutor (as vezes ao mesmo tempo que traduz). A edição tem como função adaptar o texto à língua portuguesa. Aqui o importante é tentar evitar termos estrangeiros quando os personagens falarem em japonês, já quem nem todo Brasileiro sabe termos em inglês… no entanto, caso o termo seja utilizado em inglês na fala original, e seja de senso comum, pode utilizá-lo normalmente. Outro erro de edição é deixar termos em japonês não traduzidos. Por mais que você seja um tradutor narutardotaku que fale em nihonguês 90% do tempo, no Brasil as pessoas não usam honoríficos (-san, -chan, -sama, -kun, -dono…), não se cumprimentam com “ohayo”, não falam “itadakimasu” antes de comer, não gritam “tadaima” quando chegam em casa e não chamam seus companheiros de gangue de “aniki”. Esse é um erro que eu cometi bastante no começo, mas agora me esforço para evitar ao máximo, porque é errado. E caro senhor narutardotaku que aprendeu a falar nihonguês, se você não é capaz de entender as expressões que os personagens falam e precisa de legenda para entender um -san, você não tem nem que assistir anime legenda, tem que assistir anime dublado (e se você acha que -san, -chan… e outros termos ajudam você a aprender japonês, você está redondamente enganado, sabendo isso você não sabe 1% da língua japonesa, é só tentar assistir um anime sem legenda, que você vai ver como fica fácil).

Bom, primeiramente, qual a lição que tiramos dessa primeira parte do post: “Não opine na tradução dos outros se não tiver noção do que está falando, e não reclame se o tradutor resolveu não deixar alguma coisa em japonês, fansub não é curso online de japonês, é tentar trazer um pouco da cultura japonesa para os falantes da língua portuguesa, que se estiverem suficientemente interessados não língua japonesa, vão correr atrás”.

2. Revisão – Esse passo é um que qualquer um consegue fazer, mas que dificilmente alguém consegue fazer direito. Para revisão só é necessário saber português para corrigir o dos colegas, não é abrir no word (apesar de certas vezes ajudar MUITO) e muito menos assistir a raw com a legenda embutida.

3. Timming – Com a proliferação do softsub cada vez mais é roubada dos subs gringos, então não tem muito o que reclamar. No entanto, se aparecer algo com diferenças absurdas no timming você deve opinar, porque provavelmente o sub só pegou o script gringo e não se deu ao trabalho de sincronizar.

4. Typesetting & Styling – Essa é outra parte que o sub provavelmente não fará, ou fará errado. Typesetting são as traduções de placas, aqui os erros são a tradução excessiva (ou colocação de typeset excessiva, como os nicks dos seus amiguinhos que ajudaram nesse episódio, o link do seu fórum, o seu canal do irc ou qualquer outra coisa relacionada à você) ou tradução deficiente (se é uma coisa importante para a história, é bom traduzir). Quanto ao estilo das legendas, qualquer um tem que poder ver que não é um trabalho porco (não precisa ficar perfeito, mas comic sans sux).

5. Karaoke – Supérfluo, além de poluir o vídeo. Saiba que com karaoke cheio de purpurinas feitas nos seu AFX CSX não precisam ser colocados no anime para todos verem. A transcrição da música em romaji pode ser útil porue geralmente é mais confiável que qualquer site de “lyrics” por aí, no entanto o mais importante é a linha em kanji, porque é a verdadeira intenção do compositor escrita (tanto que subs chineses fazem krk dos kanjis com a tradução em hanzi, sem romaji). Ninguém precisa de letras saltidando e brilhando em meio à um mar de purpurina para cantar, se você canta uma música de um vídeo cheio de efeitinhos coloridos, deve poder cantar a música sem isso, já que se gostar mesmo da música você acabará decorando.

Se mesmo assim quiser fazer um karaoke,  recorte a abertura e o encerramento e faça-os separado, para salientar que são OPCIONAIS.

6. Translation Check – Pode salvar tradutores, já que vai protegê-los de xingões. Basicamente alguém com alguma noção de japonês vai assistir o episódio e conferir se a tradução está coerente. Se o tradutor for bom o bastante o máximo que o TLC irá fazer será assistir o episódio antes de todo mundo.

7. Encode – Aqui se você não souber usar filtros direito e coisas do tipo, é melhor não fazer. Overfilter não é bom. RAWs do tokyotosho apenas em último caso. Prefira sempre uma TRANSPORT STREAM, que ajudará até mesmo o tradutor, já que pode vir com Closed Captions. Além disso nunca culpe um encode fail pela raw, um encode fail é sintoma de encoder fail. Se o encoder ver que a raw não presta de jeito nenhum, ele espera saírem os DVDs e manda o resto da equipe à merda.

8. Quality Check – Ver se está tudo em ordem com o episódio. Corrige todo os erros do restante do episódio. Como no Brasil geralmente é alguém não entende muito de fansub, ou que entende muito de só uma coisa, os QCs deixam passar muitos erros.

Se você encontrar algum erro MUITO tosco, é porque provavelmente o sub escolheu você para ser o QC.

Bom, acho que com isso vocês devem saber um pouco do que podem e que não podem opinar. Vale lembrar que as vezes os subs tem que pensar em deixar certas idéias de lado para poder fazer o episódio num tempo razoável. Se tem alguma coisa supérflua (KRK, Type em AFX) que está atrasando seu encode, esqueça e faça tudo no bom e velho aegisub.

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